Regina Célia da Silva¹
O presente resumo traz informações sobre a educação de
pessoas com surdez, aponta que há aproximadamente dois séculos, existe um
embate político e epistemológico entre gestualistas e oralistas. DAMÁZIO M. F.M. & FERREIRA J. (2010), esclarecem que historicamente
as concepções desenvolvidas sobre a educação de pessoas com surdez se
fundamentaram em três abordagens diferentes: a oralista, a comunicação total e
a abordagem por meio do bilinguismo. Coloca que o enfoque oralista e da comunicação total
deflagraram um processo que não favoreceu o pleno desenvolvimento das pessoas
com surdez, por focalizar o domínio das modalidades orais, negando a língua
natural desses alunos e provocando perdas consideráveis nos aspectos
cognitivos, sócio afetivos, linguísticos, políticos, culturais e na
aprendizagem. Em favor da modalidade oral, usava-se o português sinalizado e
desfigurava-se a rica estrutura da língua de sinais, cujo processo de derivação
lexical é descartado. Enfoca que a abordagem
educacional por meio do bilinguismo visa capacitar a pessoa com surdez para a
utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social com a
utilização da língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte. Aponta que os
estudos atuais demonstram que esta abordagem corresponde melhor às necessidades do aluno com surdez, em
virtude de respeitar a língua natural e construir um ambiente propício para a
sua aprendizagem escolar. Ressalta que diante dessas concepções torna-se
urgente repensar a educação escolar dos alunos com surdez, tirando o foco do
confronto do uso desta ou daquela língua e buscar redimensionar a discussão
acerca do fracasso, situando-se no debate atual acerca da qualidade da educação
escolar e das práticas pedagógicas. As pessoas com surdez não podem ser reduzidas à
condição sensorial, desconsiderando as potencialidades que as integram a outros
processos perceptuais, enquanto seres de consciência, pensamento e linguagem. As pessoas com surdez não podem ser reduzidas ao
chamado mundo surdo, com uma identidade e uma cultura surda. De acordo com Damázio
e Ferreira (2010):
É no descentramento identidário que podemos conceber cada pessoa
como um ser biopsicossocial, cognitivo, cultural, não somente na constituição
de sua subjetividade, mas também na forma de aquisição e produção de
conhecimentos, capazes de adquirirem e desenvolverem não somente os processos
visuais-gestuais, mas também de leitura e escrita, e de fala se desejarem.
Os autores pontuam que continuar
com o embate epistemológico entre o uso exclusivo da LIBRAS ou o uso exclusivo
da Língua Portuguesa, além das questões que foram levantadas sobre o
bilinguismo, é manter a exclusão escolar dos alunos com surdez. Faz-se
necessário deflagrar iniciativas no meio escolar pautadas no reconhecimento e
na valorização das diferenças que demonstrem a possibilidade da educação
escolar inclusiva de pessoas com surdez na escola comum brasileira. De acordo com o Decreto 5.626 de 05 de
dezembro de 2005:
As pessoas com surdez
têm direito a uma educação que garanta a sua formação, em
que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na
modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas
línguas ocorra de forma simultânea no âmbito escolar, colaborando para o
desenvolvimento de todo o processo educativo.
O decreto esclarece que a proposta bilíngue pauta a organização da prática pedagógica na
escola comum, na sala de aula comum e no Atendimento Educacional Especializado/AEE. A partir desse referencial o AEE para as pessoas com surdez deverá acontecer em três momentos didáticos
pedagógicos: AEE em LIBRAS, AEE de LIBRAS e AEE em Língua Portuguesa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DAMÁZIO,
M. F. M.; FERREIRA, J. de P. Educação Escolar de Pessoas com Surdez: Atendimento
Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, 2010.
p. 46-57.
DAMÁZIO,
Mirlene F. M.; ALVES, Carla B. e FERREIRA, Josimário de P. Educação Escolar de
Pessoas com Surdez. In AEE: Fascículo 04: Abordagem Bilíngue na Escolarização
de Pessoas com Surdez. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. p.
07-09.
¹ Graduada em Pedagogia/UFAL, Pós-Graduada em
Gestão Escolar/UFAL, Deficiência Auditiva/IBESA, Psicopedagogia/IBESA, cursando
AEE- Atendimento Educacional Especializado/UFC. Professora de Atendimento
Educacional Especializado na Rede Pública do Município de Maceió – AL e
Professora Formadora em Atendimento Educacional Especializado na Gerência de
Educação Especial na Rede Pública Estadual de Alagoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário