sábado, 28 de junho de 2014

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO/AEE ROPENDO MODELOS

Para Refletir!


“Igualdade de Direitos”

Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”.



“O modelo dos modelos”
Italo Calvino

Houve na vida do senhor Palomar uma época em que sua regra era esta: primeiro, construir um modelo na mente, o mais perfeito, lógico, geométrico possível; segundo, verificar se tal modelo se adapta aos casos práticos observáveis na experiência; terceiro, proceder às correções necessárias para que modelo e realidade coincidam. [..] Mas se por um instante ele deixava de fixar a harmoniosa figura geométrica desenhada no céu dos modelos ideais, saltava a seus olhos uma paisagem humana em que a monstruosidade e os desastres não eram de todo desaparecidos e as linhas do desenho surgiam deformadas e retorcidas. [...] A regra do senhor Palomar foi aos poucos se modificando: agora já desejava uma grande variedade de modelos, se possível transformáveis uns nos outros segundo um procedimento combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço. [...] Analisando assim as coisas, o modelo dos modelos almejado por Palomar deverá servir para obter modelos transparentes, diáfanos, sutis como teias de aranha; talvez até mesmo para dissolver os modelos, ou até mesmo para dissolver-se a si próprio.
Neste ponto só restava a Palomar apagar da mente os modelos e os modelos de modelos. Completado também esse passo, eis que ele se depara face a face com a realidade mal padronizável e não homogeneizável, formulando os seus “sins”, os seus “nãos”, os seus “mas”. Para fazer isto, melhor é que a mente permaneça desembaraçada, mobiliada apenas com a memória de fragmentos de experiências e de princípios subentendidos e não demonstráveis. Não é uma linha de conduta da qual possa extrair satisfações especiais, mas é a única que lhe parece praticável.

O texto de Ítalo Calvino nos leva a refletir sobre a atitude de algumas pessoas quanto a seguir modelos de perfeição.

Significado de Paradigma

Paradigma é um termo com origem no grego “paradeigma” que significa modelo, padrão. No sentido lato corresponde a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites.
Sinônimo de paradigma: arquétipo, exemplo, modelo, norma e regra

Paradigmas educacionais:

Um paradigma educacional é um modelo usado na área da educação. Paradigmas inovadores constituem uma prática pedagógica que dá lugar a uma aprendizagem crítica e que causa uma verdadeira mudança no ambiente escolar e na vida dos estudantes e na postura dos educadores. O paradigma usado por um professor tem grande impacto na aprendizagem do aluno, muitas vezes determinando se ele vai aprender ou não aprender o conteúdo que é abordado. A forma de aprendizagem das novas gerações é diferente das gerações anteriores, e por isso um paradigma conservador não terá grande eficácia na aprendizagem.

PARA REFLETIR!

Por que olhar por partes, sem antes compreender o todo?
A ação do professor do AEE deve centrar-se na atenção aos aspectos que podem potencializar o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno com deficiência, objetivando  eliminar as barreiras que dificultam a aprendizagem do estudante.



Por que enxergar a deficiência, antes mesmo de saber mais sobre aqueles que não andam, não enxergam ou não ouvem?
Não precisa ser especialista em deficiência, mas, ser especialista em GENTE! Antes de qualquer pré-conceito, pré-julgamento, é preciso compreender as pessoas com deficiência e as deficiências que as acompanham.
Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças!
A prática da inclusão se baseia em princípios diferentes do convencional: aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana, aprendizagem por meio da cooperação.
         Alguns documentos nacionais que amparam as pessoas com deficiência:
Perante a Constituição brasileira (1988), todos temos igualdade de direitos.
De acordo com a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) 20/12/1996; é direito de todos o acesso a escola preferencialmente na rede regular de ensino;
A Lei nº 10.098 de 19/12/2000, estabelece normas de acessibilidade para garantir direitos às pessoas com necessidades especiais;
O Decreto nº 7.611 de 17/1/2011 que dispõe a Educação Especial e o Atendimento Educacional Especializado;
Decreto 7.612 de 17/11/2011 institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com deficiência/Plano Viver  Sem Limites;
A Resolução nº 04 de 02/10/2008 institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado.
O aluno com deficiência, como sujeito social, se beneficia das inúmeras mediações que caracterizam as relações sociais e interpessoais estabelecidas no espaço escolar, as quais são marcadas também pelos conflitos e contradições da vida em sociedade.  No AEE, a avaliação se efetiva através do estudo de caso, que visa construir um perfil do aluno que possibilite elaborar o plano de intervenção do AEE. O estudo de caso  se faz através de uma metodologia de resolução de problema, que identifica a natureza e busca solução. O estudo de caso deve ser efetivado pelo professor do AEE em colaboração com o professor do ensino comum e com outros profissionais que trabalham com o aluno no contexto escolar.



Por que apontar o que o outro não pode fazer, antes de perguntar o que ele tem a oferecer?
Para potencializar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno com deficiência, o professor poderá usar recursos de baixa e alta tecnologia, selecionar, produzir materiais, proporcionar a inclusão da pessoa com deficiência para que participe das atividades escolares em condições de igualdade.
O trabalho do professor do Atendimento Educacional Especializado se caracteriza essencialmente pela realização de ações específicas sobre os mecanismos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes público alvo do AEE.
O professor do AEE deve propor atividades que contribuam para a aprendizagem de conceitos, além de propor situações vivenciais que possibilitem ao estudante organizar seu pensamento. O AEE deve se fundamentar em situação-problema, que exijam que o estudante utilize seu raciocínio para a resolução de um determinado problema.
É imprescindível  que o professor conheça o seu aluno e as particularidades para além da sua condição cognitiva. O trabalho do professor do AEE é ajudar o estudante com deficiência a atuar no ambiente escolar e fora dele, considerando suas especificidades cognitivas. Especificidades que dizem respeito principalmente à relação que ele estabelece com o conhecimento que promove sua autonomia intelectual.



A ESCOLA COMUM INCLUSIVA E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ROMPENDO MODELOS DO PASSADO
No século XIX, as pessoas com deficiência eram vistas como incapazes, não havendo no momento algo que trouxesse esperança para mudar essa realidade. Na sociedade da época, esses indivíduos viviam as margens do abandono social e até mesmo abandono da própria família. Somente no fim da década de 60 ouve a iniciação a integração escolar com objetivo de inserir as pessoas com  necessidades especiais nos sistemas gerais da sociedade, porém essas pessoas é que deveriam adaptar-se a sociedade já organizada, apesar de ser forte e decisivo esse movimento não trouxe resultado satisfatório já que nada fora modificado dentro da sociedade na época. A inclusão surge para romper com os paradigmas educacionais, após todos esses anos de exclusão, esse público está sendo olhado de forma mais humana e a inclusão escolar reflete bem esse novo momento de desenvolvimento social e humano. A inclusão escolar surgiu com a "Declaração de Salamanca" na década de 90, com a ideia de romper paradigmas educacionais existente na época. Hoje essas pessoas são reconhecidas como cidadãos. A inclusão vem romper com os paradigmas educacionais que marcavam  a sociedade no passado, nos dias atuais sabe-se que as crianças com necessidades possuem e desenvolvem capacidade tanto quando as crianças sem necessidades, além do que ainda desenvolvem muitas outras habilidades para compensar as inexistentes e dessa forma podem contribuir para seu desenvolvimento pessoal e social. Mesmo conscientes das inúmeras dificuldades, a escola comum deve adotar princípios inclusivos para oferecer uma educação de qualidade para todos os alunos com, ou sem necessidades especiais. A escola precisa acompanhar as mudanças do mundo moderno e se tornar realmente uma escola para todos deixando de lado o modelo excludente e ultrapassado.
A sociedade brasileira ainda tem marcas profundas de desigualdades e preconceitos, com as novas políticas de inserção das pessoas com deficiências, estes podem conviver e ter acesso aos bens e serviços que é de direito de todos os cidadãos brasileiros.
O poder das políticas públicas contribui para criar espaços, assegurar direitos e deveres. O atendimento educacional especializado é um direito garantido na legislação brasileira que traz um modelo inovador educacional.
Que todos sem distinção venham a ter os mesmos direitos, principalmente quando temos alguma característica que nos "inferioriza" diante da sociedade, como as pessoas com deficiência, os pobres, negros, gordos, homossexuais, etc.



Velhos Paradigmas ...
Novos Paradigmas ...
  • O professor é leitor. Houve a época em que o professor apenas lia a matéria do dia, talvez até discorresse sobre um ou outro ponto, e marcava as avaliações sobre o assunto. Mesmo tendo evoluído em relação à tal prática, ainda vemos em nossa década aulas muito expositivas, em que o conteúdo é quase "lido" para os alunos.
  • O professor é orientador do estudo. Um novo perfil de professor é delineado: ele é aquele que orienta o processo da aprendizagem e, ao invés de pesquisar pelo aluno, ele o estimula a querer saber mais, desperta a sua curiosidade sobre as questões das diversas disciplinas e encontra formas de motivá-lo e de tornar o estudo uma tarefa cada vez mais interessante.
  • O aluno é um receptor passivo, que ouve as explicações do professor - aquele que sabe muito mais do que ela - e vai tateando em busca daquilo que acredita que o professor deve desejar que ele aprenda, diga, pense ou escreva.
  • O aluno é agente da aprendizagem, tornando-se um estudioso autônomo, capaz  de buscar por si mesmo os conhecimentos, tornar seus próprios conceitos e opiniões, responsável pelo próprio crescimento.
  • Sala de aula: ambiente de escuta e recepção, onde o ideal é que ninguém converse, todos fiquem atentos para saber repetir posteriormente o que o professor explicou.
  • Sala de aula: ambiente de cooperação e construção em que, embora se conheçam as individualidades, ninguém fica isolado e todos desejam partilhar o conhecimento.
  • A experiência passa do professor para o aluno: o aluno aprende o que o professor já sabe, já pesquisou - e somente aquilo.
  • Troca de experiências entres aluno/aluno e professor/aluno: orientador e orientando aprendendo juntos.
  • O aluno aprende e estuda por obrigação, por pressão da própria escola, por medo de notas baixas, por ansiedade de não ir para a recuperação durante as férias ...
  • O aluno aprende e estuda por motivação. As coisas são degustadas, saboreadas internamente, e existe grande prazer na busca dos novos conhecimentos. Aprender é crescer.
  • Conteúdos curriculares fixos, numa estrutura rígida que não prevê brechas nem modificações.
  • Conteúdos curriculares atendem a uma estrutura flexível e abeta, em que cada aluno pode traçar os próprios caminhos.
  • Tecnologia: desvinculada do contexto. Um retroprojetor ou um projetor de slides são usados como instrumentos esporádicos para tornar determinado assunto mais agradável. As vezes o professor não sabe utilizá-los e é comum que não funcionem, atrasando a aula e irritando a todos.
  • Tecnologia: está dentro do contexto, como meio, instrumento incorporado. A televisão, o computador e a conexão em rede passam a ser excelentes meios pelos quais diferentes conhecimentos chegam à sala de aula. O visual é atraente, e vem acompanhado de som. As possibilidades abertas são infinitas.
  • Tecnologia: ameaça para o homem. O professor teme ser substituído por um computador com o qual ele não pode competir. A escola tenta evitar uma sociedade em que os homens valham menos do que as máquinas, e a tecnologia passe a ser o centro do universo.
  • Tecnologia: compreendida como instrumento a serviço do homem. O professor utiliza a tecnologia como recurso para estimular a aprendizagem. A escola tenta formar uma sociedade em que o homem seja o centro  e utilize a tecnologia a serviço do bem de todos.
  • Os recursos tecnológicos são manipulados pelo professor, que prepara anteriormente o que vai usar e comanda projeções de slides, apresentações de transparências, ...
  • Os recursos tecnológicos são manipulados pelo professor e pelos alunos; idealmente, cada um tem acesso ao computador e aluno e professor trocam ideias e conhecimentos.




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