TRANSTORNO
GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO- TGD X TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA -TEA
De
acordo com a Classificação Internacional de Doenças, os CIDs -10 F 84 estão relacionados às questões do Transtorno
Global do Desenvolvimento, são eles:
CID
10 – F 84 – Transtorno Global do Desenvolvimento
CID
10 – F 84.0 – Autismo Infantil
CID
10 – F 84.1 –Autismo Atípico
CID
10 – F 84.2 –Síndrome de Rett
CID
10 – F 84.3 – Outro Transtorno Desintegrativo da Infância
CID
10 – F 84.4 – Transtorno com
Hipercinesia associada a Retardo Mental e a Movimento Estereotipado
CID
10 – F 84.5 – Síndrome de Asperg
CID
10 – F 84.8 – Outros Transtornos Globais do Desenvolvimento
CID
10 – F 84.9 – Transtorno Globais não Especificados do Desenvolvimento.
A
partir da DSM-5 da Associação Americana de Psiquiatria- Diagnostic and Manual
of Mental Disorderes, Fourth Edition, 2012, o Transtorno Global do
Desenvolvimento passa a chamar-se Transtorno do Espectro Autista/TEA, inserido
na categoria diagnóstica dos Transtornos de Neurodesenvolvimento. Que inclui o
Transtorno Autista, o Transtorno de Asperg, o Transtorno Desintegrativo da
Infância e os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento sem outra especificação.
TEA
é um distúrbio do desenvolvimento neurológico e deve estar presente desde a
infância ou no início da infância.
Segundo
a DSM-5, a classificação Transtorno do Espectro Autista passa a ter dois
domínios:
1-
Sociais/Déficits de Comunicação;
2-
Interesses fixados e comportamentos
repetitivos;
De
acordo com a APA (2012), interação e comunicação fundem-se em dois, pois
interação social e comunicação unem-se.
Segundo a DSM-5 a classificação do Transtorno do
Espectro Autista deve satisfazer os critérios A, B, C e D, conforme exposto a
seguir.
A. Déficits persistentes
na comunicação social e na interação social através de contextos não
contabilizados pelos gerais atrasos de desenvolvimento. Pode manifestar-se por
todos os três itens seguintes:
1. Déficits
na reciprocidade sócio emocional, variando de abordagem social anormal e
insuficiente, com conversa através da partilha reduzida de interesses, com
emoções que afetam a resposta, até a total falta de início de interação social.
2. Déficits
em comportamentos comunicativos não verbais utilizados para a interação social,
que vão desde a falta de integração na comunicação verbal e não verbal, através
de alterações no contato visual e linguagem corporal, ou déficits de compreensão e uso da comunicação não verbal, até a
total falta de expressão facial ou gestos.
3. Déficits
no desenvolvimento e na manutenção de relacionamentos adequados ao nível de
desenvolvimento (além daqueles com os cuidadores), que vão desde dificuldades
de ajuste do comportamento para atender diferentes contextos sociais, através
das dificuldades em jogo imaginativo e em fazer amigos, para uma aparente
ausência de interesse em pessoas.
B. Restritos, padrões repetitivos de comportamento,
interesses ou atividades,
manifestados por pelo menos dois dos itens seguintes:
1. Discurso estereotipado ou repetitivo, movimentos
motores, ou uso de objetos (como estereotipias motoras simples, ecolalia, uso
repetitivo de objetos, ou frases idiossincráticas).
2. Aderência excessiva a rotinas, padrões de
comportamento ritualizados verbal ou não verbal, ou resistência excessiva à
mudança; (como rituais motores, insistência na mesma rota ou de alimentos,
questionamento repetitivo ou extrema aflição a pequenas alterações).
3. Muito restrito, fixado interesses que são
anormais em intensidade ou foco; (como forte apego ou preocupação com objetos
incomuns, excessivamente circunscrito ou interesses perseverativos).
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais
ou interesse incomum nos aspectos sensoriais do ambiente; (como aparente
indiferença à dor/calor/frio, resposta adversa a sons específicos ou texturas,
cheirar ou tocar excessivamente os objetos, o fascínio por luzes ou girar
objetos).
C. Os sintomas devem estar presentes na primeira
infância (mas podem não se manifestar plenamente, até demandas sociais
excederem as capacidades limitadas).
D. Os sintomas juntos limitam e prejudicam todo o
funcionamento do dia.
A fala funcional e
comunicacional é falha nas pessoas com TEA por causa das dificuldades na
pragmática da comunicação com estereotipias constatadas em palavras e frases,
dificuldades de interação social e falhas no entendimento dos sentimentos
alheios e nas consequências de suas ações.
Bosa
(2002), salienta que a forma que a pessoa com autismo se expressa, a fim de
comunicar suas necessidades e desejos, normalmente não é imediatamente
compreendida. Faz-se necessária uma observação atenta às pessoas com autismo,
para que se possa perceber o grande esforço que fazem para serem
compreendidos. As pessoas autistas “não olham porque não sabem a função do
olhar para compartilhar experiências com as pessoas”.
Sigman
e Capps (2000), citam que algumas crianças com autismo conseguem desenvolver
a linguagem, utilizando-se de palavras e até de estruturas gramaticais, mas
sua fala denota um déficit na expressão e entendimento de intenções e
crenças.
Asperger
(1994), identificou que as pessoas com essa síndrome iniciavam o
desenvolvimento da oralidade na idade normal, apresentavam dificuldades na
pragmática da comunicação com estereotipias constatadas em palavras e frases,
dificuldades de interação social e falhas no entendimento dos sentimentos
alheios e nas consequências de suas ações.
O comportamento das pessoas com TEA,
normalmente apresentam choro intenso,
movimentos corporais repetitivos, indiferença em relação aos apelos e
tentativas de ajuda, apego a determinados locais fixos, recusa em deslocar-se
conforme orientado. Podem ignorar outras crianças e não compreender as
necessidades delas. Em alguns casos mais complexos pode apresentar autoagressões
ou reações abruptas envolvendo objetos ou mesmo outra pessoa.
Pessoas com TEA têm dificuldades em entender metáforas por conta dos déficits na compreensão dos símbolos, nos aspectos semânticos da linguagem, na compreensão dos significados das palavras e na sua utilização social. |
De acordo com Kanner,(1993), crianças
com autismo apresentam uma incapacidade de estabelecer contato afetivo,
incapazes de se relacionar e apresentam atraso da fala com obsessão à rotina,
falta de imaginação, boa memória e
estereotipias diversas.
Peeters
(1998), destaca que a ausência do desenvolvimento de determinadas áreas das
pessoas autistas causa uma desordem no seu desenvolvimento, manifestando-se nas
áreas da cognição, linguagem, motora e social.
De
acordo coma autora Scheilla
Abbud Vieira, somos todos autistas.
Título: Autistando...
Quando me recuso a ter um autista em minha classe, em minha escola,
alegando não estar preparado para isso, estou sendo resistente a
mudança de rotina.
Quando digo a meu aluno que responda a minha pergunta como quero e no tempo que determino, estou sendo agressivo.
Quando espero que outra pessoa de minha equipe de trabalho faça uma tarefa que pode ser feito por mim, estou usando-a como ferramenta.
Quando numa conversa, me desligo "viajo", estou olhando em foco desviante, estou tendo audição seletiva.
Quando preciso desenvolver qualquer atividade da qual não sei exatamente o que esperam ou como fazer, posso me mostrar inquieto, ansioso e até hiperativo.
Quanto fico sacudindo meu pé, enrolando meu cabelo como o dedo, mordendo a caneta ou coisa parecida, estou tendo movimentos estereotipados.
Quando me recuso a participar de eventos, a dividir minhas experiências, a compartilhar conhecimentos, estou tendo atitudes isoladas e distantes.
Quando nos momentos de raiva e frustração, soco o travesseiro, jogo objetos na parede ou quebro meus bibelôs, estou sendo agressivo e destrutivo.
Quando atravesso a rua fora da faixa de pedestres, me excedo em comidas e bebidas, corro atrás de ladrões, estou demonstrando não ter medo de perigos reais.
Quando evito abraçar conhecidos, apertar a mão de desconhecidos, acariciar pessoas queridas, estou tendo comportamento indiferente.
Quando dirijo com os vidros fechados e canto alto, exibo meus tiques nervosos, rio ao ver alguém cair, estou tendo risos e movimentos não apropriados.
Somos todos autistas.
Uns mais, outros menos.
O que difere é que em uns (os não rotulados), sobram malícia, jogo de cintura, hipocrisias e em outros (os rotulados) sobram autenticidade, ingenuidade e vontade de permanecer assim.
Quando digo a meu aluno que responda a minha pergunta como quero e no tempo que determino, estou sendo agressivo.
Quando espero que outra pessoa de minha equipe de trabalho faça uma tarefa que pode ser feito por mim, estou usando-a como ferramenta.
Quando numa conversa, me desligo "viajo", estou olhando em foco desviante, estou tendo audição seletiva.
Quando preciso desenvolver qualquer atividade da qual não sei exatamente o que esperam ou como fazer, posso me mostrar inquieto, ansioso e até hiperativo.
Quanto fico sacudindo meu pé, enrolando meu cabelo como o dedo, mordendo a caneta ou coisa parecida, estou tendo movimentos estereotipados.
Quando me recuso a participar de eventos, a dividir minhas experiências, a compartilhar conhecimentos, estou tendo atitudes isoladas e distantes.
Quando nos momentos de raiva e frustração, soco o travesseiro, jogo objetos na parede ou quebro meus bibelôs, estou sendo agressivo e destrutivo.
Quando atravesso a rua fora da faixa de pedestres, me excedo em comidas e bebidas, corro atrás de ladrões, estou demonstrando não ter medo de perigos reais.
Quando evito abraçar conhecidos, apertar a mão de desconhecidos, acariciar pessoas queridas, estou tendo comportamento indiferente.
Quando dirijo com os vidros fechados e canto alto, exibo meus tiques nervosos, rio ao ver alguém cair, estou tendo risos e movimentos não apropriados.
Somos todos autistas.
Uns mais, outros menos.
O que difere é que em uns (os não rotulados), sobram malícia, jogo de cintura, hipocrisias e em outros (os rotulados) sobram autenticidade, ingenuidade e vontade de permanecer assim.
Os trechos em negritos são alguns dos principais sintomas da Síndrome do Autismo.
Scheilla Abbud Vieira
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BEZ, Maria Rosangela. Texto: Transtorno do Espectro
Autista. Tese de Mestrado PPGEdu/UFRGS.
PASSERINO, Liliana Maria. Aplicando a Comunicação
Aumentativa Alternativa numa turma inclusiva. PPGEdu/UFRGS.
PEETERS, T. Autism. From Teoretical Understanding
to Educational Interventio. Whurr Publishers,1998.
SIGMAN, M. e CAPPS, L. Ninos y Ninas Autistas.
Série Bruner. Madrid: Morata, 2000.
ACHO MUITO IMPORTANTE ESSES ESTUDOS POIS ENRIQUECEM NOSSAS PRÁTICAS EM SALA DE AULA!
ResponderExcluirMuito.bom
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